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LATIN AMERICA ------------------------------------------691[FEATURE] | |||
Inteligência ArtificialPerspectivas latino-americanas sobre o futuro da inovaçãoBy Jazmin Agudelo for Ruta Pantera on 11/20/2025 3:29:32 PM |
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| Nas ruas de São Paulo, um algoritmo prevê rotas de ônibus para reduzir o caos no trânsito; em Bogotá, drones movidos por IA entregam medicamentos a áreas rurais; e em Santiago, chatbots atendem consultas governamentais 24 horas por dia. A inteligência artificial (IA) chegou à América Latina não como um futurismo distante, mas como uma ferramenta cotidiana que promete eficiência e equidade. No entanto, por trás das manchetes otimistas esconde-se uma pergunta incômoda: estamos diante de uma revolução produtiva ou de uma nova bolha especulativa semelhante à das pontocom nos anos 2000? Com investimentos regionais em IA que ultrapassam 3,5 bilhões de dólares em 2024 — um aumento anual de 48% —, especialistas locais debatem se essa onda tecnológica gera valor real ou apenas um entusiasmo inflado (IDB Invest, 2025; Statista, 2025). O boom da IA na América Latina A adoção de IA na região cresce em velocidades comparáveis às da Ásia. Segundo o BID, 62% das empresas médias e grandes no Brasil, México e Chile implementaram pelo menos uma solução de IA, em comparação com 45% globalmente (Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID], 2024). Startups como a NotCo (Chile) utilizam aprendizado de máquina para criar alternativas vegetais a produtos lácteos, sendo avaliada em 1,5 bilhão de dólares após rodadas lideradas pela Bezos Expeditions. No México, a Kavak aplica visão computacional para avaliar carros usados instantaneamente, transformando um mercado tradicionalmente opaco. Os governos também apostam alto. O Uruguai lidera com sua Agência de Governo Eletrônico e Sociedade da Informação (AGESIC), que implementou um sistema de IA para otimizar consultas médicas, reduzindo o tempo de espera em 35% (AGESIC, 2024). Já a Colômbia lançou, em 2023, o Centro para a Quarta Revolução Industrial, afiliado ao Fórum Econômico Mundial, focado em IA ética para agricultura de precisão. Entretanto, o panorama é desigual. Enquanto 70% dos investimentos se concentram em São Paulo e na Cidade do México, países como Bolívia ou Paraguai registram poucos projetos-piloto. Persiste uma grande lacuna digital: na região, apenas 52% dos domicílios rurais têm acesso à internet banda larga, o que limita o uso de soluções baseadas em nuvem (CEPAL, 2024). Aplicações concretas Além dos laboratórios, a IA está resolvendo inúmeros desafios setoriais na América Latina: Saúde: No Peru, o Ministério da Saúde utiliza algoritmos de processamento de linguagem natural para triagem de sintomas via WhatsApp, atendendo 1,2 milhão de consultas mensais durante picos da pandemia (Ministério da Saúde do Peru, 2024). No Brasil, o SUS implementa IA radiológica que detecta tuberculose com 94% de precisão em áreas amazônicas sem especialistas. Agricultura: Plataformas como Agrofy (Argentina) e Agritech (Brasil) usam satélites e modelos preditivos para alertar sobre pragas, aumentando o rendimento da soja em 22% (FAO, 2024). Finanças inclusivas: O Nubank, o neobanco brasileiro avaliado em 41 bilhões de dólares, usa IA para aprovar crédito em segundos para populações não bancarizadas, com base em dados alternativos, como padrões de uso de celulares. Segurança pública: Medellín reduziu os homicídios em 30% desde 2016 graças a sistemas preditivos que direcionam patrulhas policiais a zonas críticas, embora com controvérsias éticas relacionadas a vieses (Prefeitura de Medellín, 2023). Esses casos mostram impacto mensurável, mas exigem infraestrutura: data centers locais (ainda escassos), talentos especializados e marcos regulatórios. | ||||
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Limitações estruturais e riscos No Sul Global, o entusiasmo frequentemente colide com realidades complexas. A América Latina representa apenas 1,8% dos pesquisadores de IA no mundo, segundo a Scopus, e perde talentos para o Vale do Silício a uma taxa de 15 mil profissionais por ano (UNESCO, 2024). Universidades como a UNAM ou a USP formam graduados, mas 70% migram devido a salários até dez vezes maiores. A dependência tecnológica é outro ponto fraco. Cerca de 85% dos modelos de IA usados localmente são importados — principalmente da OpenAI, Google ou Meta — criando vulnerabilidades na soberania de dados e custos dolarizados que encarecem as soluções (CAF, 2024). Além disso, o consumo de energia de data centers para treinar grandes modelos equivale ao de cidades de médio porte, o que conflita com metas de descarbonização. Os vieses algorítmicos ampliam desigualdades. Um estudo da Universidad de los Andes descobriu que sistemas de recrutamento por IA no Chile discriminavam sobrenomes indígenas em 28% dos casos (Ramírez & Gómez, 2023). No Brasil, o reconhecimento facial policial tem gerado prisões equivocadas de forma desproporcional em comunidades afrodescendentes. Bolha ou revolução? O debate econômico Analistas comparam o entusiasmo atual a ciclos anteriores. “Estamos no ‘vale da desilusão’ do Ciclo de Hype da Gartner, mas com fundamentos mais sólidos do que na era das pontocom”, afirma Martha Gabriel, especialista brasileira em transformação digital (Gabriel, 2024). Ao contrário do ano 2000, a IA já gera retornos tangíveis: a McKinsey estima que pode adicionar 2,6 trilhões de dólares ao PIB da América Latina até 2030, equivalente ao PIB atual do Brasil (McKinsey Global Institute, 2023). No entanto, sinais de especulação persistem. As avaliações de startups de IA na região cresceram, em média, 300% entre 2022 e 2024, apesar de receitas modestas. O “efeito ChatGPT” inflou expectativas: 40% das empresas que anunciaram iniciativas de IA em 2023 ainda não as implementaram, segundo a Deloitte (Deloitte, 2024). Inovação humana vs. automação O risco real não é tecnológico, mas social. A IA substituirá empregos ou os transformará? O BID projeta que 34% dos postos de trabalho na região são automatizáveis, afetando desproporcionalmente mulheres nos setores administrativo e de serviços (BID, 2024). Casos como o call center da Claro no Peru, que reduziu sua equipe em 60% após a implementação de chatbots, ilustram a tensão. Especialistas como o pesquisador mexicano Alejandro Frank defendem uma “IA centrada no humano”: “A IA deve amplificar a criatividade humana, não substituí-la” (Frank, 2023). Projetos como Laboratoria capacitam mulheres de baixa renda em engenharia de prompts e ética de dados, criando empregos híbridos. A regulação avança lentamente. O México aprovou uma Lei de IA em 2024 exigindo auditorias de viés, enquanto o Brasil debate um marco semelhante que está parado no Congresso. Organizações como Al Sur alertam que, sem governança regional, a IA aprofundará a dependência tecnológica do Norte Global. Rumo a um futuro híbrido Para que a IA se torne uma transformação genuína, a região precisa de: Investimento em talentos locais: bolsas como as da OEA para mestrados em IA em universidades públicas. Bens comuns de dados regionais: repositórios abertos de dados anonimizados para treinar modelos locais. Regulação colaborativa: um tratado latino-americano sobre IA ética, semelhante ao GDPR europeu. IA para o bem social: priorizar aplicações em educação rural, saúde pública e mitigação climática. A IA na América Latina não é panaceia nem pura bolha. É um espelho de nossas capacidades e limitações: onde existe visão estratégica (como no Chile ou Uruguai), gera progresso; onde predomina a improvisação, cresce o risco de exclusão. O desafio não é escolher entre inovação humana e automatizada, mas forjar uma simbiose na qual a tecnologia potencialize o melhor de nossa diversidade cultural. Só assim a IA deixará de ser um ciclo especulativo e se tornará o motor de um desenvolvimento verdadeiramente inclusivo. A América Latina representa apenas 1,8% dos pesquisadores de IA do mundo, segundo a Scopus, e perde talentos para o Vale do Silício a uma taxa de 15 mil profissionais por ano (UNESCO, 2024). | |||
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