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Pan American experiences
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AMERICAS ------------------------------------------558[FEATURE] | |||
A Hispanidade Um Relato que ApagaBy Jazmin Agudelo for Ruta Pantera on 10/21/2025 10:22:44 AM |
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| Em 12 de outubro de 1492, teve início o que muitos chamam de “o encontro de dois mundos”. Para mim, e para tantas outras mulheres migrantes, não foi um encontro, mas uma colisão. A chegada de Colombo desencadeou séculos de colonização, expropriação e violência que reconfiguraram a América Latina, deixando cicatrizes que ainda pulsam em nossas comunidades. A “Hispanidade”, promovida como uma celebração da herança espanhola, muitas vezes ignora essas feridas. É um relato que exalta a língua, a religião e a cultura do colonizador, enquanto silencia as vozes dos povos indígenas, afrodescendentes e mestiços que resistiram e sobreviveram. Como migrante, caminhei por cidades onde o termo “hispano” me rotula, como se minha identidade pudesse ser reduzida a um idioma ou a uma bandeira. Na minha experiência, ser “hispana” não abrange a complexidade da minha herança: as canções em aimará que minha avó cantava, os mercados onde o escambo ainda vive ou as lutas de meus antepassados contra a exploração. A Hispanidade, em seu intento de unificar, devora essas diferenças, impondo uma narrativa que privilegia o europeu sobre o indígena, o branco sobre o moreno, o masculino sobre o feminino. Nas diásporas, onde mulheres como eu reconstruímos nossas vidas, essa homogeneização se sente como uma segunda colonização — uma que apaga nossas línguas maternas e nossas cosmovisões. Uma Viagem de Resistência e Reinvenção Migrar é um ato de coragem, mas também de ruptura. Deixei minha casa em busca de segurança, oportunidades e um futuro para meus filhos. No caminho, enfrentei barreiras linguísticas, discriminação e a constante pressão de me encaixar em uma sociedade que frequentemente vê os migrantes como “os outros”. Nesse contexto, a Hispanidade não me representa; pelo contrário, me lembra o peso de uma história que tentou apagar meus ancestrais. Mas também me ensinou a valorizar a pluralidade que carregamos dentro de nós: as mulheres migrantes não somos um bloco homogêneo. Somos quéchuas, mapuches, guaranis, afro-caribenhas, mestiças — cada uma com uma história única que desafia a uniformidade. Nas comunidades diaspóricas, encontrei força nessa diversidade. Em uma oficina cultural na minha cidade de adoção, conheci uma mulher boliviana que tece têxteis aimarás com padrões que contam histórias de resistência. Conheci uma colombiana que organiza tertúlias em seu apartamento, onde se fala espanhol, mas também línguas wayuu. Essas mulheres não se identificam com a Hispanidade; elas celebram suas raízes diversas, suas múltiplas línguas e suas diferentes formas de ver o mundo. Juntas, criamos espaços onde nossas identidades não são devoradas, mas celebradas. Uma Alternativa à Unidade Forçada A Hispanidade propõe uma unidade que, em seu desejo de coesão, ignora a riqueza de nossas diferenças. Como migrante, aprendi que a verdadeira força de nossas comunidades reside na heterogeneidade. Na América Latina, mais de 600 línguas indígenas coexistem com o espanhol, cada uma portando uma cosmovisão única. Na diáspora, essas línguas e culturas não desaparecem — elas se transformam. Em minha comunidade, organizamos festivais onde se misturam danças andinas, ritmos afrodescendentes e poesia bilíngue. Esses espaços não buscam uma “unidade” que apague nossas diferenças, mas uma convivência que as honre. | ||||
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Essa pluralidade também é um ato de resistência. A colonização tentou apagar nossas línguas e culturas, mas as mulheres migrantes as mantêm vivas. Em minha casa, ensino aos meus filhos palavras em quéchua junto com o espanhol — não porque rejeite o idioma do colonizador, mas porque quero que abracem a totalidade de sua herança. Esse ato, pequeno mas poderoso, desafia a narrativa da Hispanidade, que muitas vezes reduz a identidade latino-americana a uma única língua e uma única história. As Mulheres Migrantes Como mulheres migrantes, carregamos o peso da história, mas também a esperança de redefini-la. Somos as guardiãs de nossas tradições, as tecelãs de novas narrativas. Na diáspora, enfrentamos desafios únicos — o racismo, a xenofobia, a dupla carga de trabalho doméstico e profissional. Mas também somos as que constroem pontes. Na minha experiência, vi mulheres liderarem iniciativas comunitárias: desde cozinhas coletivas que servem comida andina até oficinas de artesanato que preservam técnicas ancestrais. Um exemplo poderoso é o movimento de mulheres indígenas migrantes nos Estados Unidos, que formaram coletivos como o Movimiento por la Justicia del Barrio, em Nova York, para defender seus direitos e tornar visíveis suas culturas. Essas mulheres não celebram a Hispanidade; ao contrário, lutam pelo reconhecimento de suas identidades múltiplas — desde suas línguas até suas práticas espirituais. O trabalho delas me inspira a rejeitar a ideia de uma identidade “hispana” homogênea e a abraçar a riqueza de nossas diferenças. Os Desafios da Hispanidade na Diáspora Na diáspora, o conceito de Hispanidade é frequentemente usado para nos agrupar sob um único rótulo, especialmente em países como os Estados Unidos, onde “hispano” ou “latino” são termos onipresentes. Mas essa categorização pode ser limitante. Em minha experiência, ser rotulada como “hispana” ignora minha herança indígena, minha conexão com a terra e minha língua materna. Um estudo de 2023 do Pew Research Center mostrou que 47% dos latino-americanos nos Estados Unidos preferem se identificar com seu país de origem ou etnia específica, em vez de termos genéricos como “hispano”. Isso reflete uma rejeição à homogeneização e um desejo de preservar a diversidade cultural. Além disso, a Hispanidade às vezes reforça hierarquias. Em minha comunidade, vi como narrativas que celebram a herança espanhola marginalizam pessoas afrodescendentes ou indígenas, perpetuando desigualdades coloniais. Como mulher migrante, recuso-me a aceitar uma identidade que privilegie uma parte da minha história sobre outra. Quero que meus filhos cresçam sabendo que sua identidade é um mosaico, não uma linha reta traçada desde a Espanha. | |||
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